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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Boneco de Lego gigante aparece em praia da Flórida e acaba "detido" pela polícia

Da EFE
Em Miami
  • Ego Leonard curte praia na Flórida Ego Leonard curte praia na Flórida
Um boneco como os do Lego, mas com 2,5 metros de altura, permanece "detido" pela polícia, depois que apareceu em uma praia da Flórida assustando os banhistas, que tentavam decifrar o significado da frase escrita em seu tronco: "No real than you are" (Não mais real que você).

"Um banhista encontrou o 'homem', que provisoriamente foi identificado como Ego Leonard", um nome que aparece nas costas do boneco, explicou nesta quarta-feira um porta-voz da polícia do condado de Sarasota.

Com certa ironia, a fonte acrescentou que "ninguém tem certeza de como o 'homem' chegou à praia, se foi colocado ali ou se veio arrastado pelas ondas".

O enigmático boneco, de 50 quilos, apareceu na manhã da última terça em Siesta Key Beach, catalogada como a melhor praia dos Estados Unidos neste ano, e rapidamente acumulou uma multidão de curiosos ao seu redor.

O gigante de fibra de vidro foi "detido" mais tarde pela polícia e posto "sob custódia", segundo detalharam as autoridades locais, acrescentando que a Lego garantiu não ter nada a ver com esta iniciativa, nem o parque temático Legoland, que foi inaugurado no último dia 15 na Flórida.

O banhista Jeff Hindman foi quem descobriu o gigante encalhado no litoral oeste da Flórida, ainda no começo da manhã. Inicialmente, Hindman achou que se tratava de um animal que as águas do mar tinham arrastado.

Mas, após se aproximar, o banhista comprovou com assombro que se tratava de um boneco gigante de Lego.

Um boneco Lego similar, com a mesma frase escrita, foi encontrado em uma praia holandesa em 2007, e outro na Inglaterra em 2008.

O departamento de imprensa de Sarasota deixou claro que "o senhor Ego Leonard se encontra em um local seguro até que seu proprietário apareça".

Aparentemente por trás das palavras "Ego Leonard" está um suposto artista da Holanda, mas não se sabe se este é um nome real.

Se não for procurado por ninguém em um período de 90 dias, o gigante boneco composto de peças Lego passará a ser propriedade de Hindman, a primeira pessoa que o viu e que já manifestou interesse de leiloá-lo no site eBay.

Ocupai São Paulo

 


Um amigo costuma dizer: “Não confie em ninguém com menos de 30 anos”. A inversão da famosa frase segundo ele é porque a maioria dos jovens de hoje (entenda-se os estudantes, artistas, jornalistas, profissionais liberais que sempre tiveram no cerne dos questionamentos sociais e culturais) se comporta muito mais com a mentalidade de uma moça virgem dos anos 1950 do que com os célebres libertários da década de 60 que trouxeram a ideia da “juventude no poder” e que não confiavam de forma alguma nos mais velhos.
Para além das generalizações e da guerra geracional, estive na noite de domingo, 23, no 15.0 São Paulo, também conhecido como Acampa Sampa ou os Indignados ou ainda Ocupe São Paulo que eu prefiro chamar de Ocupai São Paulo numa versão tupiniquim antropofágica do Occupy Wall Street, o acampamento na "downtown" nova-iorquina que pede mais cidadania, igualdade e menos privilégios aos bancos. E a grande maioria que lá estava era de jovens com menos de 30 anos.
O acampamento paulista acontece debaixo do viaduto do Chá. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a segurança – item em falta na cidade com trombadinhas e trombadões agindo com a maior naturalidade na Paulista e até em bairros considerados seguros como o Sumaré. Não tinha policiais em volta e a sensação de vulnerabilidade que temos ao andar à noite no centro velho de São Paulo desaparecia imediatamente. Senti segurança para fotografar com meu iPhone e não fui incomodado em nenhum momento.
Também percebi uma organização orgânica sofisticada, com biblioteca, ateliê de pintura, lixos recicláveis, espaços para conversas em roda.
Mas o que mais me tocou foi que os moradores de rua estavam integrados naquela ocupação, eles não foram expulsos daquela área que antes do Ocupai SP era deles.

Acabei assistindo dois shows de hardcore e ao ver aqueles jovens pongando, pensei na conexão entre eles e os tunisianos que nesse mesmo domingo iam pela primeira vez às urnas depois de décadas de ditadura. O que unia São Paulo e Tunísia não era a rede. A internet era o meio e a mensagem, mas a finalidade era a desgastada e pouco conhecida cidadania.
Poderia fazer o blasé, é bem fácil. Poderia com o dedo em riste achar que tudo isso já foi feito (e de certa forma já foi mesmo, estamos nos tempos do revival), mas estaria sendo cruel em não dar o direito às novas gerações de tentar o seu caminho, mesmo que repetindo dogmas e chavões. Mesmo com uma pauta ampla que vai desde a crítica ao aumento das passagens de ônibus e metrô aos direitos dos LGBTs, pode parecer ainda mais fácil para os blasés de sempre dizer que isso é puro baderna. Sim, toda essa atitude hippie-punk eu já conheci, mas os personagens são outros e o tempo histórico também.


Acredito que o filósofo Slavoj Žižek e sua visita ao Occupy Wall Street desbanque toda essa atitude blasé que tenta desprestigiar esse movimento - que precisa ser criticado e autocriticado, mas não desmoralizado: "Não se apaixonem por si mesmos, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco – o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo trabalho duro e paciente – somos o início, não o fim. Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas. Há um longo caminho pela frente, e em pouco tempo teremos de enfrentar questões realmente difíceis – questões não sobre aquilo que não queremos, mas sobre aquilo que QUEREMOS. [...] Tenham cuidado não só com os inimigos, mas também com falsos amigos que fingem nos apoiar e já fazem de tudo para diluir nosso protesto. Da mesma maneira que compramos café sem cafeína, cerveja sem álcool e sorvete sem gordura, eles tentarão transformar isto aqui em um protesto moral inofensivo. Mas a razão de estarmos reunidos é o fato de já termos tido o bastante de um mundo onde reciclar latas de Coca-Cola, dar alguns dólares para a caridade ou comprar um cappuccino da Starbucks que tem 1% da renda revertida para problemas do Terceiro Mundo é o suficiente para nos fazer sentir bem. Depois de terceirizar o trabalho, depois de terceirizar a tortura, depois que as agências matrimoniais começaram a terceirizar até nossos encontros, é que percebemos que, há muito tempo, também permitimos que nossos engajamentos políticos sejam terceirizados – mas agora nós os queremos de volta. [...] nós nos 'sentimos livres' porque somos desprovidos da linguagem para articular nossa falta de liberdade”.
É exatamente por esses motivos que a da luta dos direitos civis dos homossexuais deve estar atrelada a uma agenda mais ampla, que busque não só a cidadania para os que tem relações sexuais diferentes das heterossexuais, mas a busca de uma liberdade real. Ocupai São Paulo!